O mercado financeiro encerrou a semana com uma dúvida pairando no ar: qual será o futuro do conglomerado Americanas SA?
Na noite da última quarta, 11, a empresa divulgou ao mercado a descoberta de inconsistências contábeis” na ordem de R$ 20 bilhões na conta de fornecedores e admite que o montante das dívidas é próximo a 40 bilhões de reais.
Já na sexta, 13, o juiz da 4ª Vara Empresarial do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, Paulo Assed, atendeu a um pedido da Americanas e concedeu uma medida cautelar que suspende qualquer possibilidade de bloqueio, sequestro ou penhora de bens da empresa.Além disso, adia a obrigação da varejista de pagar suas dívidas, fazendo com que a companhia “ganhe tempo”.
O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ) concedeu, ainda, 30 dias corridos para a Americanas entrar com pedido de recuperação judicial.
A decisão dá fôlego para a empresa enfrentar uma crise sem precedentes. O pedido foi feito com o objetivo de propiciar a continuidade das suas atividades empresariais e viabilizar a proteção adequada do grupo Americanas enquanto busca, junto aos seus credores, uma alternativa viável à luz do cronograma de vencimento de suas dívidas financeiras.
A Americanas é uma das maiores e mais tradicionais redes varejistas do país. Fundadas em 1929 por John Lee, Glen Matson, James Marshall, Batson Borger (americanos) e Max Landesmann (austríaco) conta com mais de 1.700 estabelecimentos.
Em 2021, a companhia se fundiu com a B2W, empresa do comércio eletrônico que já operava diversas plataformas, incluindo o site Americanas.com, e deu origem ao conglomerado Americanas S.A. que abrange tanto o comércio físico quanto o virtual.
Atualmente, a holding também concentra as operações de lojas como Submarino, Shoptime e Soub! (Sou Barato), além da fintech Ame Digital, a plataforma de logística Let’s e a Mais Aqui, que opera com crédito, seguros, cartões de conteúdos, serviços e venda assistida. Em 2022, foi fundada a Americanas Entrega, com soluções para os comerciantes que operam nos marketplaces da companhia.
Praticamente todos os contratos financeiros formados pelo grupo possuem clausulas de vencimento antecipado o que justifica o risco de insolvência das sociedades.
A empresa diz que toda a força de trabalho da companhia manterá normalmente sua atuação, com atividades comerciais, operacionais e administrativas e que a manterá acionistas e o mercado em geral atualizados sobre o caso
Afirma ainda que, a tutela de urgência não representa um procedimento de recupração envolvendo o conglomerado e que continua empenhada em manter conversas positivas com seus credores, visando um acordo que seja benéfico a todos os seus fornecedores, consumidores, acionistas e funcionários.
O impacto da notícia foi muito negativo para as ações e para a empresa como um todo. A derrocada das ações da Americanas (AMER3) nesta quinta-feira (12) causou apreensão entre investidores posicionados em fundos com exposição aos papéis.