A história que começou em 1914 quando o imigrante português Joaquim Ignácio da Fonseca Saraiva abriu uma pequena livraria de livros usados no Largo do Ouvidor, em São Paulo, perto da Faculdade de Direito do Largo São Francisco, infelizmente chegou ao fim.

Depois de não cumprir as metas da recuperação judicial, com uma dívida de R$ 675 milhões, a 2ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais da justiça de São Paulo decretou a falência da rede de livrarias Saraiva, atendendo o pedido realizado pela própria empresa, que, em bons tempos foi responsável maior rede de livrarias do país.

Normalmente, o pedido de falência ou autofalência acontece quando a empresa não tem mais capacidade de pagar suas contas, de maneira que o valor de suas obrigações é maior do que os recursos disponíveis no caixa da companhia. Foi o caso da Saraiva. A empresa admitiu sua própria insolvência após passar quase cinco anos em recuperação judicial.

O fechamento de grandes livrarias aponta para uma mudança comercial do setor livreiro, privilegiando outros modelos de negócio. Essa tendência pode ser atribuída a uma série de fatores e preocupa os amantes de livro, que perdem os espaços de convivência, assim como os comerciantes desses espaços.

 

Desde sua fundação até agora a Saraiva passou por muitas mudanças. Era a Livraria Acadêmica, especializada em obras jurídicas. Pelos 30 anos seguintes, a livraria seguiu com foco no direito, mas a editora passou a lançar também didáticos e obras gerais.

Em 1947, a empresa se transformou em sociedade anônima e passou a se chamar Saraiva S.A. – Livreiros Editores. Em 1972, a Saraiva virou uma companhia aberta.

Nos anos 1970, foi inaugurada a segunda livraria da empresa, na Praça da Sé – que resistiu até este último momento. Nos anos 1980, ela investiu em distribuição de livros e em 1983 iniciou o processo de expansão de sua rede de livrarias, com aberturas especialmente em shoppings. Vieram as primeiras megastores e, em 1998, ela inaugurou seu e-commerce.

Ao longo de sua história, ela comprou a Editora Atual, no fim dos anos 1990, e o Pigmento Editorial S.A., responsável pela comercialização do Ético Sistema de Ensino, em 2007.

Segundo a companhia, os negócios começaram a perder ritmo em 2014, com a estagnação da economia do país.

À época, a Saraiva afirmou que o faturamento foi impactado pela greve dos caminhoneiros e pela Copa do Mundo, pelo desabastecimento de fornecedores de telefonia e tecnologia, e por problemas na implementação do novo sistema interno de gestão.

A crise do mercado editorial brasileiro se acentuou a partir de 2014, com a recessão da economia brasileira, e se estendeu pelos anos seguintes até 2018, quando a Saraiva e a Cultura, então as maiores redes de livrarias do país, entraram em recuperação judicial. O setor ameaçou se recuperar a partir de 2019, quando cresceu 6,1%, mas o cenário voltou a piorar em 2020 (queda de 12,7%). O aumento expressivo das vendas durante a pandemia garantiu o crescimento de 2,5% em 2021, mas não foi suficiente para estancar a redução de 10,8% no faturamento de 2022.

Nos últimos 17 anos, os livros que mais sofreram com o encolhimento do setor foram os chamados científicos, técnicos e profissionais (CTP), cujo faturamento caiu 56%, seguidos pelos didáticos (43%). Obras gerais (ficção e não ficção) e títulos religiosos registraram queda de 35% e 14%, respectivamente.

 

 

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