A Avon Products, uma das gigantes do setor de cosméticos, subsidiária da Natura &Co e holding da marca Avon para as operações internacionais, entrou com um pedido de recuperação judicial no Tribunal de Delaware, nos Estados Unidos.
O processo sob o Chapter 11, é uma tentativa de reorganizar as finanças da empresa e manter suas operações em funcionamento enquanto renegocia suas dívidas. É reflexo das pressões enfrentadas pelo setor de cosméticos, onde a competição é intensa e as mudanças nas preferências dos consumidores são rápidas.
A companhia vem de um longo processo de venda de seus ativos e mesmo com a recente divulgação dos resultados trimestrais, que apresentaram da operacional em despesas, ainda geram um prejuízo de quase R$ 1 bilhão.
Criada 1886, a empresa americana tinha dívidas e passivos jurídicos, ligados a acusações de problemas de saúde causados pelo uso de seu talco. Desde 2020 as operações de América Latina, que respondiam por 50% das receitas da empresa, ficaram sob o guarda-chuva da Natura Latam. As operações das outras regiões, que somam 37 países, passaram a compor a Avon International.
O futuro da Avon dependerá de uma reestruturação eficaz e de sua habilidade para se alinhar às novas demandas do mercado global. A recuperação nos EUA oferece uma oportunidade única para a empresa se reinventar e fortalecer sua posição no setor de cosméticos. Para a Natura & Co, o sucesso desse processo é essencial para proteger seu investimento e garantir que a Avon continue a ser uma peça importante em seu portfólio global.
Além de um aporte de US$ 43 milhões como DIP (debtor-in-possession) para sustentar sua subsidiária durante o processo de recuperação judicial, a Natura está avaliando a possibilidade de adquirir ativos específicos da Avon e fará uma oferta de US$ 125 milhões pela Avon International por meio de um processo de leilão supervisionado pela corte judicial. Para essa oferta, a Natura &Co pretende usar alguns de seus créditos existentes contra a subsidiária, como contraprestação.
O anúncio da recuperação judicial da Avon, juntamente com divulgação do balanço do segundo trimestre, considerado negativos pelos analistas de mercado, provocou queda nas ações da cia.
A empresa não divulgou o total das dívidas da subsidiária, nem o quanto tem em créditos com a empresa. Destacou que nenhum impacto é esperado nas operações da Avon, que estão localizadas fora dos Estados Unidos e não fazem parte do procedimento do Chapter 11. Isso inclui as operações nos mercados da América Latina, onde a marca Avon é distribuída pela Natura e a integração das duas marcas continua a apresentar um progresso constante.